Em 2024, foram recolhidas pelo sistema gerido pela Valorpneu quase 90 mil toneladas de pneus, superando as metas a que a empresa se encontra obrigada legalmente. Recolhendo e valorizando a totalidade dos pneus usados gerados no território nacional, “encaminhou para reutilização e recauchutagem 3% dos pneus e para reciclagem 75%, tendo os restantes sido coprocessados nas cimenteiras nacionais”, refere Climénia Silva, diretora-geral da Valorpneu, que indica que o mercado registou, no âmbito da Valorpneu, “um crescimento de 6,5%, considerando o mercado de substituição e o de veículos (origem)”. Este balanço do ano de 2024 da entidade gestora de pneus em Portugal foi feito numa entrevista de Climénia Silva ao Anuário Revista dos Pneus 2025.
A responsável da Valorpneu destacou ainda alguns marcos do ano 2024, como o programa de inovação NextLap, a nova Plataforma de comunicação com os produtores, inserida no processo de transformação digital da empresa, assim como várias melhorias nos processos no Sistema de Gestão Integrado de Pneus Usados (SGIPU).
Em maio deste ano, a Valorpneu realizou a 3ª edição do programa NextLap Summit, um programa de inovação promovido pela Valorpneu, com o apoio da consultora Beta-i. “A Valorpneu traz ao programa a visão estratégica, o enquadramento regulatório e a ligação à cadeia de valor dos pneus em fim de vida, assegurando que os desafios que são trabalhados no programa são relevantes e reais, e a Beta-i aplica a sua metodologia de inovação colaborativa, mobilizando e acompanhando startups, empresas já instaladas, indústrias, universidades e entidades públicas para criarem em conjunto soluções para os pneus em fide vida que sejam concretizáveis e escaláveis”, explica Climénia Silva. Acrescentando que este programa é uma evolução do já existente Prémio Inovação, com mais de 10 anos de existência.
A 3ª edição do NextLap – Tech Hub – conta com empresas como a Biogoma, a Bonldati e a IP – Infraestruturas de Portugal. Este ano, o programa reuniu inovadores, parceiros e líderes “que se afirmam na transição para um futuro mais circular e que discutiram os projetos piloto e os desenvolvimentos realizados nesta terceira edição”, acrescenta.

Relativamente à nova plataforma para agilizar a comunicação com os produtores, esta insere-se no processo de transformação digital da empresa. “Com a atribuição à Valorpneu da nova Licença para gestão do SGIPU, tornou-se necessário proceder à renovação das adesões dos produtores e comerciantes, através da celebração de novos contratos. Na nova plataforma, os produtores podem aceder, verificar e alterar os seus dados, conferindo o contrato e procedendo à assinatura digital do mesmo, um processo ágil que arrancou com sucesso em janeiro e que poderá não chegar a levar dez minutos até ficar totalmente concluído e arquivado”, garante a responsável. Para breve será implementado o processo digital de novas adesões (novos produtores) e o da certificação das declarações anuais dos produtores relativas às quantidades colocadas no mercado, que prevê a autenticação do contabilista certificado através de chave móvel digital. Na fase seguinte, é intenção da Valorpneu digitalizar o termo de contratos de produtor e comerciante, para tornar esta relação “mais simples, ágil, próxima e mais sustentável”.
Todas estas alterações em prol da prestação de um serviço cada vez mais eficiente, são reconhecidas pelos produtores. De acordo com um questionário de avaliação que a Valorpneu realiza, de dois em dois anos, em 2024, “21% dos 2065 produtores aderentes ao SGPU na data de realização do inquérito responderam, revelando uma satisfação global para com a Valorpneu. Em Portugal Continental, 87% estão satisfeitos ou muito satisfeitos.
Apesar de todo o esforço da empresa, a diretora geral da Valorpneu reconhece que ainda há oportunidades de melhoria na gestão dos pneus em fim de vida e a Valorpneu “está empenhada em continuar a trabalhar para as concretizar”, seja com a abertura de novos centros em zonas deficitárias em termos de operadores, um maior controlo no SGIPU, a aposta na digitalização dos processos ou na qualidade das soluções e na sua diversificação criando uma economia cada vez mais circular e sustentável no ciclo de vida dos pneus”.
Climénia Silva termina a entrevista antecipando que nos próximos três a cinco anos, a Valorpneu vai enfrentar grandes desafios na cadeia dos pneus em fim de vida: “Assistimos já hoje a uma alteração de tendências e a mudanças que se poderão tornar estruturais. A insuficiência de recursos naturais e a consciência dos players da cadeia de valor dos pneus na procura de soluções sustentáveis está a redirecionar a reciclagem dos pneus para formas mais aperfeiçoadas e com maior valor acrescentado fechando o ciclo de vida dos pneus”, concluindo com uma mensagem positiva: “Apesar das dificuldades que têm surgido, trabalhamos todos os dias para as ultrapassar e com resiliência atingiremos o objetivo”. A Valorpneu pretende continuar a ser um fator propulsor da sustentabilidade e inovação do setor, acompanhando a evolução das novas tecnologias, e também visa ser um fator mobilizador dos intervenientes na cadeia de valor para o desenvolvimento de um Ecossistema que envolva todos os que participam no ciclo de vida dos pneus, garantindo a eficácia e eficiência nas práticas seguidas, alinhadas com os princípios da economia circular e com a satisfação dos produtores, operadores e de todos os que se relacionam com o Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados.