Existe uma série de informações inscritas na parte lateral do pneu que constituem o seu “cartão de identificação”, e que permitem perceber a medida do pneu, os limites do seu uso, os dados de fabricação, etc. Compreender estas informações é fundamental para se ter certeza de que se está a utilizar o pneu correto.

Legenda:

205 – Largura de secção do pneu em milímetros (205 mm)

05 – Largura de secção do pneu em milímetros (205 mm)

50 – É a relação entre a altura e a largura de secção (este mede em altura 50% da largura, ou seja, aproximadamente 102 mm)

R – Construção Radial

15 – Diâmetro da jante em polegadas (15 polegadas = 381 mm)

86 – Índice de Carga – É o índice de carga que indica o peso máximo que cada pneu pode suportar (normalmente as lojas especializadas dispõe da tabela indicativa de carga, que neste exemplo equivale a 530 kg)

V – Código de Velocidade – Cada pneu tem o seu limite em termos de velocidade de rodagem (da mesma forma que o índice de carga, existe um diagrama ou tabela que mostra a velocidade máxima para a qual o pneu foi construído, que no exemplo é de 240 km/h)

TUBELESS – A indicação “tubeless” ou TL significa que é um pneu sem câmara de ar. Quando tem câmara de ar surge a indicação “tubetype” ou TT

CV90 – Desenho dos sulcos do pneu

As restantes informações significam:

Taxa Máxima de Carga de 1224 LBS

Pressão Máxima de 36 PSI

As lonas são compostas de seis camadas, sendo duas de Rayon, duas de aço e duas de Nylon

As laterais tem lonas com duas camadas de Rayon

O pneu é um produto composto de vários materiais com propriedades muito diferentes, cujo fabrico implica uma grande precisão.

É constituído pelos seguintes componentes:

  • Uma capa de borracha sintética muito estanque ao ar. Esta capa encontra-se no interior do pneu e funciona como câmara-de-ar.
  • carcaça, que é constituída por finos cabos de fibras têxteis dispostas em ângulos retos e colados na borracha. Estes cabos são um elemento chave da estrutura do pneu e permitem-lhe resistir à pressão. Numa carcaça de pneu de automóvel, existem cerca de 1400 cabos que podem resistir, cada um, a uma força de 15 kg.
  • Um talão cuja função é transmitir os binários motor e de travagem da jante à área de contacto com o solo.
  • Os aros de talão servem para fixar o pneu na jante. Podem suportar até 1800 kg sem risco de rutura.
  • Os flancos de borracha macia protegem o pneu contra os choques que poderiam causar danos na carcaça, como pequenos choques contra o passeio, buracos, etc. Uma borracha dura assegura a ligação entre o pneu e a jante.
  • Lonas de reforço, as quais são feitas com cabos de aço muito finos, mas muito resistentes, são cruzadas obliquamente e coladas uma sobre a outra. O cruzamento dos seus fios com os da carcaça forma triângulos indeformáveis.
  • banda de rolamento é disposta sobre as lonas de reforço. Esta parte do pneu, que receberá as esculturas, ficará em contacto com a estrada. Na área de contacto com o solo, a banda de rolamento tem que resistir a esforços muito importantes. A mistura que a constitui deve ser aderente em todos os tipos de solos, resistir ao desgaste, à abrasão, e aquecer o menos possível.
Composição de Pneus Ligeiros e Pesados
MaterialPneu LigeiroPneu Pesado
Borracha / Elastómeros47 %45 %
Negro de Fumo21,5 %22 %
Aço16,5 %25 %
Têxtil5,5 %
Óxido de Zinco1 %2 %
Enxofre1 %1 %
Aditivos7,5 %5 %

   Fonte: Convenção de Basileia, 1999

Análise Elementar da Borracha
Carbono (%)78-83
Hidrogénio (%)6-7
Oxigénio (%)3,5-5
Nitrogénio (%)0,2-0,4
Enxofre (%)1 – 1,6
Cloro (%)0,07 – 0,1
Cinzas (%)5 – 10

Mais informações em: Basel Convention Series, Geneva, October 1999.pdf

Para que um veículo esteja sempre em perfeitas condições e possa circular em segurança, é essencial uma manutenção regular e vários cuidados, nomeadamente com os pneus. Como órgãos vitais que são, os pneus precisam de tanta atenção como o motor, por exemplo, pois estão igualmente submetidos a duros esforços.

Eis alguns conselhos para que a sua viagem corra sobre rodas:

  • As especificações dos pneus deverão ser sempre as recomendadas pelo fabricante da viatura.
  • Pneus novos, ou com menor desgaste, deverão ser montados no eixo traseiro.
  • Verifique a pressão dos pneus de 15 em 15 dias, sem esquecer o pneu sobresselente.
  • Nunca monte pneus que apresentem deformações, fissuras, cortes ou outros danos, visto a segurança poder ficar comprometida.
  • A aderência vai diminuindo com o uso. Os pneus modernos, por uma questão de segurança, têm indicadores de desgaste que informam quando o pneu deverá ser substituído. Em Portugal, o valor do limite legal é 1,6 mm em toda a largura da superfície de rodagem.

A recauchutagem de pneus é um processo que transforma pneus usados, designados nesta indústria, por carcaças, que não apresentem danos estruturais, em pneus capazes de serem reutilizados, através da deposição de um novo piso.

A recauchutagem, em termos ambientais, contribui para a redução dos consumos de recursos naturais (petróleo e seus derivados, borracha natural, etc.), pois constitui-se como um processo que garante a extensão do ciclo de vida do pneu.

A logística de funcionamento das empresas de recauchutagem é caracterizada genericamente por:

  1. os pneus são distribuídos aos revendedores/agentes ou grandes frotistas com os quais o recauchutador tem acordos/contratos (pneus novos e/ou pneus recauchutados, uma vez que, geralmente, os recauchutadores são também distribuidores de pneus novos);
  2. na volta do transporte, os revendedores/agentes ou grandes frotistas, entregam os pneus usados com potencial para serem recauchutados, que se encontravam na sua posse;
  3. uma vez na unidade de recauchutagem, os pneus são submetidos a exames de avaliação da condição da carcaça, de forma a determinar-se quais os que podem ser aproveitados para recauchutar;
  4. os pneus rejeitados são normalmente devolvidos aos seus proprietários, ou encaminhados para os pontos de recolha da rede da Valorpneu para posterior valorização.

A taxa de rejeição no exame de avaliação da carcaça varia consoante o tipo de pneu. No entanto, pode afirmar-se que esta taxa é aproximadamente 40 a 50% nos pneus ligeiros e 20 a 30% nos pneus pesados.

A recauchutagem de pneus de pesados é efectuada em cerca de 80% dos pneus usados, enquanto nos pneus ligeiros esta percentagem é consideravelmente mais baixa, uma vez que, de acordo com informações fornecidas pelos recauchutadores, o mercado não absorve tão facilmente este produto.

Existe uma grande variedade de aplicações para valorizar pneus usados, nomeadamente ao nível da reutilização de pneus inteiros para outros fins. Por exemplo, beneficiando da resistência estrutural dos pneus usados inteiros, estes podem ser utilizados como elementos de protecção de molhes marítimos, de barcos, em aterros, e em obras de engenharia civil, como muros de retenção ou na construção de túneis, para evitar o contacto direto entre as rochas desprendidas dos maciços e a laje superior do túnel. Esta solução foi usada por exemplo, em alguns túneis da Região Autónoma da Madeira.

Os pneus usados podem igualmente ser utilizados em pisos permeáveis para estradas, bem como em camadas drenantes na construção de plataformas ou armazéns, evitando a necessidade de uma bacia de retenção externa.

A borracha dos pneus usados pode ainda ser utilizada para a manufatura de solas de sapato, tiras para serem usadas em estofos de sofás, circunferências de borracha para redes de pesca de arrasto, gamelas, etc. Estas últimas aplicações limitam-se, no entanto, apenas aos pneus usados antigos, sem aço.

Os recicladores utilizam os pneus usados como matérias-primas, interessando-lhes fundamentalmente a borracha vulcanizada, sendo que depois do processamento que efetuam, apresentam como produtos finais: têxtil, aço e granulado de borracha com diferentes granulometrias, o qual é vendido para diversas aplicações, tais como: pavimentos desportivos, recintos diversos, parques infantis, MBB – Misturas Betuminosas com Borracha, etc.

Dois dos processos mais conhecidos de reciclagem de pneus usados são:

  1. O processo mecânico – o qual consiste na trituração mecânica dos pneus. A borracha é fragmentada numa série de trituradoras e moinhos, sendo o aço retirado através de separação magnética e o têxtil separado por diferença de densidade. No final do processo, o granulado de borracha é dividido em várias gamas, consoante a sua granulometria, através de crivos com diferentes dimensões de malha.
  2. O processo criogénico – em que é utilizado azoto líquido para congelar a borracha à temperatura aproximada de -160ºC, num túnel criogénico, o que permite a fragmentação da borracha e a produção de granulado de borracha fino. O pneu sofre uma primeira trituração mecânica sendo em seguida os seus fragmentos transportados para o túnel criogénico, onde a temperatura de entrada do azoto é de aproximadamente -192ºC e a temperatura de saída da borracha é cerca de -80ºC. Após a passagem pelo túnel criogénico e pelos martelos pneumáticos, o aço e o têxtil do pneu são separados da borracha através de separação magnética e por aspiração, respetivamente.

Em relação aos produtos finais obtidos, o aço é vendido a empresas que processam metais (reciclagem), o têxtil que até há pouco tempo era depositado em aterro controlado é atualmente passível de valorização energética, enquanto o granulado de borracha é usado, por exemplo, no fabrico de pavimentos desportivos, nomeadamente para campos de futebol, pistas de tartan, recintos desportivos diversos e parques infantis.

Os granulados mais finos podem ser incorporados no fabrico de asfalto (MBB – Misturas Betuminosas com Borracha) para construção ou reparação de estradas.

Mais informações em:

www.biogoma.pt

www.genan.pt

www.recipneu.com

Os pneus usados podem ser utilizados no processo de co-processamento como combustível complementar ou alternativo para o fabrico de cimento ou para a produção de eletricidade e vapor em unidades de co-geração, devido ao seu elevado poder calorífico.

O poder calorifico dos pneus pode variar dependendo da sua tipologia, apresentando valores médios de 26,4 MJ/kg para pneus pesados e cerca de 30,2 MJ/kg para pneus ligeiros (Aliapur, 2009), assim como na forma como são consumidos, onde podemos ter 25 MJ/kg (Boesch, 2009) para pneus inteiros ou cerca de 36 MJ/kg para pneus granulados (Uson, 2013).

Na tabela seguinte encontra-se a comparação do poder calorifico dos pneus com outros combustíveis (Basel Convention, 2011):

CombustívelPCI (MJ/kg) 
 Pneus25-35 
 Carvão 27
 Petcoke 32
 Gasóleo 46
 Gás natural             39
 Madeira 10

O co-processamento em cimenteiras permite ainda valorizar materialmente a fracção não combustível dos pneus consumidos (cinzas), devido à sua incorporação no produto final (clínquer). Esta percentagem de valorização material varia consoante a tipologia dos pneus, podendo ir de 19,1% no caso de pneus ligeiros até 29,6% no caso de pneus pesados (3Drivers, 2014).  

A utilização de pneus usados como combustível alternativo permite ainda a redução de emissões por combustão da biomassa, face à utilização de combustíveis fósseis, devido à componente de borracha natural existente nos pneus (fonte de carbono renovável).

Fontes:

Basel Convention (2011) – UNEP. 2013. Basel Convention Revised Technical Guidelines for the Environmentally Sound Management of Used and Waste Pneumatic Tyres. Geneva: United Nations.

Boesch (2009) – Boesch, M. E., Koehler, A., & Hellweg, S. 2009. Model for cradle-to-gate life cycle assessment of clinker production. Environmental science & technology, 43(19), 7578-7583.

Uson (2013) – Usón, A., López-Sabirón, A. M., Ferreira, G., & Llera Sastresa, E. 2013. Uses of alternative fuels and raw materials in the cement industry as sustainable waste management options. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 23, 242-260.

Aliapur (2009) – Aliapur. Utilisation des pneus usagés comme combustible alternatif – Valeurs de référence et protocoles de caractérisation. Document de référence. Service R&D.

3Drivers (2014) – Co-processamento – Valorização material de combustíveis alternativos na indústria cimenteira, Novembro 2014.

A Valorpneu tem a responsabilidade de promover ações de Investigação e Desenvolvimento (I&D) no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados. Estas ações devem ser orientadas para a melhoria de processos relevantes no circuito de gestão de pneus usados, nomeadamente para a prevenção ao nível dos processos produtivos e do ecodesign, para a melhoria das eficiências dos processos de reciclagem, e de outros tipos de valorização dos resíduos, novas aplicações dos materiais reciclados com vista a promover a sua reintrodução na cadeia de valor, bem como das melhores condições na gestão deste fluxo específico, em particular ao nível da avaliação de risco.

Para dar resposta a essa responsabilidade e de acordo com o estabelecido no seu licenciamento, a Valorpneu deverá garantir que as despesas anuais com a rubrica Investigação e Desenvolvimento não sejam inferiores a 2% dos rendimentos anuais provenientes da prestação financeira do sistema integrado no ano anterior.

Prémio Inov.Ação

A missão deste prédio foi premiar grandes “ideias verdes”, novos serviços, produtos ou tecnologias relacionadas com os pneus usados ou materiais derivados da sua reciclagem. Promovido em duas categorias: “Negócios e Inovação” e “Comunidade e Educação”, o Prémio Inov.ação Valorpneu teve por objetivo mobilizar o interesse dos diferentes sectores e ajudar as ideias com potencial a “sair do papel”, transformando-as, com a ajuda de todos os parceiros envolvidos, em reais soluções de mercado a favor do Ambiente e da Economia nacional.

Consulte aqui toda a informação sobre esta iniciativa.

Projeto Nextlap

O NextLap é um programa que tem como objetivo promover o desenvolvimento de pilotos e novos projetos entre empresas e startups, que possam tratar, reutilizar e trazer novas aplicações para os pneus inteiros ou fragmentados com o intuito de combater o descarte de pneus e promover um mercado mais circular.
Além da Valorpneu e Genan, a multinacional do sector da construção Pragosa, a empresa líder no mercado de artigos desportivos Decathlon, a Infraestruturas de Portugal (IP) e a empresa na área dos têxteis técnicos TMG Automotive são as empresas que estão a acelerar a transformação de novos modelos de negócio em conjunto com as startups.

Consulte aqui toda a informação sobre a última edição deste projeto.