A Valorpneu, enquanto entidade gestora de pneus usados e a AVE, enquanto entidade no centro do processo de fornecimento de combustíveis alternativos para as fábricas de cimento em Portugal, juntaram-se novamente para promoverem um estudo que visa confirmar as conclusões obtidas em 2019 para a determinação dos fatores de cálculo de emissões de gases com efeito estufa (GEE) e do índice de reciclabilidade associados ao coprocessamento de pneus usados.
Em 2018 foi desenvolvido um estudo, que foi concluído no ano seguinte, com a colaboração da consultora 3Drivers e com a participação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), onde se concluiu que os pneus usados, inteiros, mas sobretudo fragmentados, apresentam um peso significativo na utilização em Portugal de combustíveis alternativos nas instalações de produção de clínquer, pelo que se revelou de especial importância melhorar a metodologia de cálculo associada a este fluxo, passando da utilização de fatores de emissão baseados em valores de referência para uma metodologia assente em análises segundo as normas técnicas.
O plano de amostragem definido neste estudo foi implementado em duas campanhas de amostragem de pneus usados realizadas entre os meses de agosto de 2018 e fevereiro de 2019. Concluído o estudo e avaliados os resultados obtidos, a APA sugeriu a realização de uma nova campanha de amostragem em 2020, para efeitos de apuramento dos fatores de emissão e do índice de reciclabilidade a considerar em 2021.
O estudo agora lançado, que se prevê que seja desenvolvido num período temporal de cerca de cinco meses, passa pelo desenvolvimento do plano de amostragem e aprovação pela APA, pela recolha de amostras que garanta a representatividade e comparabilidade com valores de referência, pela realização de análises laboratoriais e pela consolidação dos dados e determinação dos fatores de cálculo de GEE e índice de reciclabilidade dos pneus usados.
A valorização de pneus usados por coprocessamento em cimenteiras é uma operação de gestão de resíduos que garante a valorização dos pneus com baixo potencial de reciclagem, enquanto simultaneamente permite a substituição de combustíveis fósseis na produção de clínquer. No caso de Portugal, que importa combustíveis fósseis, esta substituição permite não só melhorar os balanços comerciais, mas também acrescentar valor aos recursos endógenos, potenciando o coprocessamento enquanto estratégia de transição para a economia circular.